As Estatísticas de Género são fontes de informação que auxiliam no conhecimento específico da situação das mulheres e dos homens e os aspetos que os aproximam ou distanciam. Elas tornam visíveis as desigualdades de género e consequentemente contribuem para introduzir esta problemática na agenda pública. Ajudam para o desenho e análise de propostas orientadas para a igualdade social e melhoria na distribuição de recursos económicos.
Com a assunção em dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) se intensificam a produção de dados desagregados por sexo e em 2003 se produz o primeiro relatório de evolução dos ODM 3, no qual se analisam dados desagregados por sexo em cinco domínios diferentes. Este é seguido de dois exercícios que formam fundamentais para a evolução da sistematização e produção de dados, que forma como indicados no quadro anterior a elaboração do Plano Nacional de Igualdade e Equidade de Género (PNIEG) 2005 e o posterior exercício de avaliação do mesmo em 2008.
O INE reconhecendo a importância de produção de dados desagregados por sexo tem estado a produzir informações desagregadas por sexo que retratam questões pertinentes ligadas à igualdade/desigualdades entre homens e mulheres. Nesse âmbito e com o apoio da ONU Mulheres num marco de Cooperação Sul-Sul, desenvolveu-se a ideia de criar um Sistema Nacional de Indicadores de Género. Uma 1ª Fase, consistiria na seleção de um conjunto de indicadores, que serviriam de base para o lançamento do Observatório de Género de Cabo Verde.
Em 2010 se manifesta a necessidade de criar um sistema que permitisse ler e analisar sistematicamente os dados, e que para dar resposta a esta necessidade foi criado o Observatório de Género em 2012.
Um dos marcos mais importantes na implementação do observatório, é a mudança que se dá em termos conceituais de tratamento destas informações, passando da desagregação de dados por sexo, á criação de um marco conceitual e teórico no qual se assenta esta produção. Segundo o Observatório de Género da CEPAL de América Latina “A autonomia das mulheres é um fator fundamental para garantir o exercício de seus direitos humanos em um contexto de plena igualdade e o controle sobre seu próprio corpo, a geração de renda e de recursos próprios e a plena participação na tomada de decisões que afetam sua vida e sua coletividade”.
A implementação do Observatório de Género em Cabo Verde permitiu identificar os 12 indicadores que espelham as três esferas fundamentais da autonomia das mulheres: (i) Autonomia Física; (ii) Autonomia Económica; (iii) Autonomia na tomada de decisões.
Na atualidade a produção, análise e leitura de dados com uma abordagem de género reveste-se de particular importância devido a assunção dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS), os quais caracterizam-se por ter metas bem definidas, que tem que ser suportadas por um quadro amplo de indicadores que permitam a monitorização constante dos esforços pela sua concretização. Estes objetivos darão uma contribuição importante na construção dos quadros de referência nacionais que respondam aos desafios existentes num mundo pós ODM e pós 2015.